O centro
- Lu Raimann — Viver e Contar
- 13 de mai.
- 4 min de leitura
A Antroposofia olha para vida em setênios e cada um deles tem relação simbólica com um dos 7 planetas visíveis da astrologia, começando no mais rápido - a Lua, relacionada à primeira infância - e terminando no mais lento - Saturno, a maturidade e o final da vida.
Na astrologia, essa é a ordem caldaica, organizada pelos caldeus (antiga Mesopotâmia) com base nas velocidades dos sete planetas. Eles acreditavam que a Terra era o centro do universo, já que era daqui que observavam o giro dos planetas pelo céu e usavam esses giros para contar a passagem do tempo.
Os antigos maias tbm foram mestres na observação e contagem do tempo; criaram inúmeros calendários diferentes... aliás, sincronários é a palavra ideal.
A a palavra 'calendário' deriva do latim calendarium - "livro de registro" - e não tem a ver com a passagem do tempo em si, mas sim a data da cobrança dos impostos na antiga Roma, que acontecia no primeiro dia de cada mês.
Os maias tomavam como base o alinhamento entre Sírius (o centro da nossa galáxia) com o Sol (centro do nosso sistema solar) e estabeleceram esse momento como o início do ano.
Muitos povos da antiguidade correlacionaram os movimentos dos corpos celestes no céu com a passagem do tempo na Terra, atribuindo significados não apenas simbólicos e arquetípicos, mas práticos a esses movimentos. Olhando para o céu sabia-se o que esperar na Terra.
Quando mergulhei nesses estudos achei fascinante a ideia de organizar a vida com base nessa observação. E foi um alento p/ o coração atribuir significado à cada dia e ciclo, e não apenas passar pelos dias como se fossem um caminho que me levaria a um lugar que parecia não compensar o esforço que exigia.
Hoje, depois de cinco anos organizando a Mandala do Tempo, os dias / o tempo / a Vida parecem me trazer o que é necessário p/ traduzir os simbolismos com mais inspiração e profundidade (no meu sentir pelo menos). Na prática, mais que organização, tem sido uma ferramenta de auto observação e melhor entedimento do que cada novo ciclo trata, de quais assuntos e áreas se ativam e como elas se conectam.
Essa Onda Encantada do Sol (começou dia 03/05 e vai até 15/05), dentro do ciclo astrológico de Sol em Touro (vai até 19/05), trouxe conteúdos que me tocaram muito em significado. É a mágica do tempo acontecendo, qdo nos conectamos com ele.
O CENTRO é o tema da vez.
O tempo físico da terra é linear, mas o tempo psíquico, emocional e espiritual, tanto dos seres quanto do cosmos, é circular e espiralado. Gira em ascensão, nos levando para revisitar pontos onde tudo e todos se unem, mas podem ser olhados sempre de uma perspectiva diferente, única e individual, conforme evoluímos em experiências e consciência dentro do tempo.
Assim como os astros dentro sistema solar e da galáxia, tbm nós giramos em torno de um centro - um interno e outro externo - que magentiza temas e experiências específicas, igual maripozas hipnotizadas que não resistem à atração da luz, mesmo que isso signifique seu fim. O objetivo é sempre o mesmo - chegar o mais próximo do centro, o ponto mais luminoso, evoluído e consciente do que realmente somos.
Confesso: não sei bem do que isso trata - "o que realmente somos" - mas sei que está lá p/ ser conhecido por quem tiver coragem de atender ao chamado desse centro interno e força p/ não desistir no meio do caminho, já que leva tempo - não dá para pular etapas ou chegamos lá sem dar conta do que o processo ilumina em nós, e o estrago pode ser maior.
Jung diz que começamos a vislumbrar esse lugar com as crises que chegam depois dos quarenta. Sim - crises - o centro é onde fica a luz que ilumina todas as respotas que buscamos. Lá fica nossa INDIVIDUAÇÃO (o EU como centro), mas chegar lá implica em atravessar, antes, a escuridão ao redor - os níveis de consciência que precisamos desenvolver para lidar com as verdades que chegam, que, geralmente, nos colocam em cheque com a imagem que construímos para nós mesmos.
Na Antroposofia, a fase dos 21 aos 42 anos é regida pelo Sol - a representação maior desse centro interno. Dos 42 aos 49 anos é Marte que assume o comando - o "soldado/guerreiro" que luta pelo rei, mas, conforme vai enfrentando as batalhas, começa a questionar se elas estão fazem sentido e valem o preço que cobram, especialmente a batalha de sustentar a imagem que tanto queremos pra nós mesmos.
Aqui entram as crises, onde cortes, descontruções e mudanças de direção podem acontecer. À medida que subimos degraus de experiência e consciência, o ego (a imagem de nós mesmos) começa a ceder e ganha lugar a necessidade de sermos mais livres, verdadeiros, autênticos e minimalistas, mantendo apenas o que conseguimos carregar, o que nos realiza e preenche; e quem nos permite e topa viver junto esssa liberdade.
Eu estou à beira dos meus 49. E nesse ciclo de passagem do Sol por Touro, dentro da onda encantada do sol, sinto que mais uma chave está sendo virada e o limite expandido um pouco mais. "Só" levei 48 anos para isso... Agradeço ao Rumi pela ajuda nessa.
E você, quais chaves recebeu nesse período?
Beijos, Lu.
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